Para Durkheim o termo suicídio é aplicado a todos os casos de morte resultantes direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo da própria vítima que ela sabe que produzirá tal resultado. Grandes estrelas suicidam-se sabiam? É isto que faço neste momento. A Morte de alguém que amamos (OU ODIAMOS) é sempre uma SURPRESA! Com a minha morte desaparece aquela que entre nós, foi “a Lady da Crítica Teatral”, com certa dose de brincadeira mas com grande fundamento na realidade. Tornei-me o símbolo de um rigor que cultivou antipatias no meio teatral piauiense. As palavras duras que dirigi às produções que não me agradam (“leitura óbvia”, “texto confuso e gratuito”, “direção agitada”, “montagem desastrada”) sobressaíram em relação aos elogios que volta e meia distribuí sem economia. Fiquei carimbada como uma crítica severa e durona.
A importância de reconhecer a responsabilidade ao se escrever artigos sobre peças teatrais e se entregar à dúvida e ao questionamento. Dois dos principais objetivos de uma crítica teatral são propagar a reflexão sobre um espetáculo de teatro e mapear o momento histórico pelo qual passa o teatro, independente de julgamentos, em busca única da descrição da cena contemporânea ao crítico. Em artigo de Sábato Magaldi lemos que a crítica comete muitos erros de avaliação, mas são equívocos necessários para propagar a reflexão acerca dos novos fenômenos teatrais, ponto que vai de acordo com as ideias da dramaturga Marici Salomão, de que a crítica é uma das bases da percepção, discussão e difusão de novos caminhos das artes cênicas.
Não quero com esse texto glorificar a atividade que acabo de abandonar seria no mínimo pedante e pretensioso, mas, antes, reconhecer a responsabilidade que carreguei ao assinar meus artigos e, por isso mesmo, me entreguei à dúvida, ao questionamento constante. Em lugar do autoritário “isso pode” e “isso não pode”, reconhecer que o teatro é território livre, em que quaisquer experimentações são possíveis e que, concordando ou discordando do fenômeno teatral que se critica, é necessário o embasamento teórico de Sábato Magaldi, crítico e pesquisador de teatro experiências, vividas ou apreendidas em leituras, para se tecer o texto que, aliás, nada deseja ser definitivo, mas, tão-somente, uma alavanca para a discussão sobre tal fenômeno, já que segundo diz o diretor inglês Peter Brook “o verdadeiro bom teatro só tem inicio ao cair do pano”. É preciso refletir, sobretudo, “o que é?” e “para quem é dirigida?” a crítica teatral. É preciso diferenciar a crítica teatral dos materiais de divulgação de um espetáculo. (LEMBREM-SE DISSO SEMPRE!)
Suicido-me e escrevo agora para despedir-me de vocês, fãs que me acompanharam e atores que me odiaram. E parafraseando Vargas digo: Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam , insultam ; não me combatem , caluniam-me ; não me dão o direito de defesa . Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação para , para que eu continue a defender como sempre defendi o povo e principalmente os humildes .Sigo o destino que me é imposto. Agora ofereço a minha morte . Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da Eternidade e saio “das redes sociais” para entrar na história!